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Mostrando postagens de maio, 2010

Tempero

Olhos vazios passeiam por entre esse cenário de todos os dias que compõe a paisagem donde eu vivo. Eu ainda não sei o porquê desse olhar tão vago e costumeiro, suspeito até, que essa falta de tudo nos olhos é a presença de nada lá dentro dela. Onde nos homens sensíveis como eu estão os jardins de sentimentos, bem ou mal cultivados. Seu corpo é bastante bom. Possui uma postura ereta e a sua face, com traços fortes e serenos, transmitem uma paz estranha e uma vontade incomunicável de tocar-lhe com os dedos, suavemente. Os lábios carnudos e sempre iguais, sem sorriso e sem bico de mal humor também, me embriagam de tal forma que me perco enquanto o contemplo e a desejo de longe. Bem longe; Papai diz; que já passei da idade dessas coisas, mas eu não aprendo. Acho gostoso assim; esse desejo todo de longe, esse gosto todo que eu imagino que ela tem. Seus Cabelos são acastanhados em um tom escuro, semi longos. Lindos... Ah como quero deslizar meus dedos sobre os fios, acariciando-os sossegada

Contato

O tecido que envolve o meu corpo, esse que compõe a minha pele Ele não foi capaz de se esquecer de ti, Sei que a culpa não é sua, foi eu quem disse que as coisas deviam ser Como são hoje Eu comigo E você, com ela Sinceramente, não sei se é a minha mente que insiste em não esquecer Ou o meu coração, que mesmo hoje, Ainda se desconserta todo com a sua presença, fazendo com que eu sinta, Todas essas lembranças Todo esse sabor De tudo que me compõe, o que mais se decompõe quando me recordo de seu tato, Não são meus seios no embaraço dos teus lábios a deslizar neles, Mas a minha nuca Sinto como se seus dedos ainda passeassem por aqui, levemente, bem devagar, Suave como uma pena a seduzir o meu pescoço Para permitir que você dançasse por todo o meu corpo, e esquecesse, do tempo E de quem éramos nós Foi com o contato de tantos anos que eu aprendi quem é você, e o amei por isso E por tanto contato que te deixei partirMas hoje, sinceramente, era nos meus braços que eu te queria. Eu é que queria

[Palavras Mil]

Imagem
Se eu fosse um ser humano, poderia alimentá-los Pés descalços e apressados deslizam por sobre o asfalto, e alguns calçados repousam sobre os bancos modernos da paisagem. Junto deles, inúmeros carros, passam freneticamente em direção a qualquer prazer noturno. A noite de outono está incrivelmente agradável e qualquer que olhe para o alto, contemplando a beleza do céu de Deus, poderia se esquecer facilmente, os pés descalços que caminham ao seu redor, e toda fome que preenche tantos corpos sujos. Aqui da pedra, eu observo o caminhar dos corpos. Indo e vindo os sentimentos despencam de dentro deles. Abro e fecho os olhos sequencialmente durante alguns segundos. Minha vã tentativa de diluir a imagem triste que me acompanha todas as noites. Eu nunca consegui convence-los de que embora não pareça, o tal Cristo existe e os ama e se preocupa com eles. Não acreditaram em nenhuma das minhas palavras, das vezes que estive com eles quando fui chamado. Por isso, ainda me pergunto o porq

Coisas de Espelho

'Está tudo bem. É como se todos os meus medos tivessem me abandonado, me sinto segura agora' - Olá. Vou pular aquela parte de ser educada. O que me traz aqui é um assunto muito sério. Por isso não brinque comigo como você costuma fazer quando não sei o que fazer. Não ouse usar das minhas fragilidades. Sou sensível, e no momento estou com os nervos a flor da pele. Preste atenção. Sabe o quanto não gosto de produzir repetições. - Diga, não precisa de rodeios, seja direta. Estou ouvindo. - Certo. Bom, nos conhecemos bem. Você sempre soube das minhas dificuldades, medos, anseios, sonhos. Sempre soube tudo sobre a minha vida. Acredito que não tenha nada à meu respeito que você já não tenha conhecimento. Então, já deve ter percebido o meu desespero nos últimos três dias. Certo? - Claro. Certo. - Então já sabe o que ocorreu. E deve saber também que agora estou confusa, de que me vale toda essa coragem nas mãos se não sei o que fazer? Eu sempre quis me libertar de todos aquel

[Palavras Mil]

"> Uma prece um adeus eu não entendo porque o senhor fez isso. deixou todas essas dores chegarem perto da gente. logo o senhor que vive dizendo que ama a gente, que se importa, mas não é o que parece. sinto muito se eu te decepcionei. está sendo difícil essa conversa com o senhor hoje, esse seu silêncio me deixa mais nervosa do que de costume, mas vou me esforçar porque é muito importante o que tenho para te dizer. mamãe e papai não querem me deixar ter contato com as pessoas de outras cores, e por mais que eu explique toda a semelhança que existe entre a gente eles sempre me dizem que estou louca, que somos completamente diferentes, que não temos nada em comum. bom, o senhor sabe como eles são, eles não escutam ninguém, quanto mais a mim. não se importam nem com o que eu penso e nem com o que digo e sinto. estão sempre ocupados demais com suas limpezas e lustres. por isso vim aqui falar com o senhor. estou indo embora. sei que o senhor vai dizer que tenho apenas doze a

[Palavras Mil]

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Meu dia das Mães " Demorei um bocado de tempo para compreender tudo aquilo" Olhei os olhos. Tão doces e meigos, luziam de forma a parecer vidro. Por instantes pensei que talvez fossem gotas d’água penduradas em tuas pupilas frágeis, mas não eram. Era só brilho. Um brilho imenso. Na minha sutil infantilidade cheguei a crer que ele sabia o que estava acontecendo, que sabia de tudo que se passava dentro de meu coração, toda a dor que eu estava sentindo pela falta de um Pequeno Anjo sem nome, que viera há muito nos visitar... Um filho do qual fui mãe e que infelizmente não pude ver crescer. . Dias depois, lá estava eu, na mesinha do nosso jardim, com uma porção de papéis e palavras na ponta dos dedos e a mesma covardia de sempre dentro de meu ser interno. Fechei os olhos, senti a dor, me mastigar por dentro, ir destruindo os meus meios. Eu sabia, não ia adiantar escrever. Ele não poderia receber as minhas cartas. Olhei para o meu filho, repousado sobre o braço esque