[Palavras Mil]

Meu dia das Mães
" Demorei um bocado de tempo para compreender tudo aquilo"
Olhei os olhos. Tão doces e meigos, luziam de forma a parecer vidro. Por instantes pensei que talvez fossem gotas d’água penduradas em tuas pupilas frágeis, mas não eram. Era só brilho. Um brilho imenso.
Na minha sutil infantilidade cheguei a crer que ele sabia o que estava acontecendo, que sabia de tudo que se passava dentro de meu coração, toda a dor que eu estava sentindo pela falta de um Pequeno Anjo sem nome, que viera há muito nos visitar... Um filho do qual fui mãe e que infelizmente não pude ver crescer.
.
Dias depois, lá estava eu, na mesinha do nosso jardim, com uma porção de papéis e palavras na ponta dos dedos e a mesma covardia de sempre dentro de meu ser interno.
Fechei os olhos, senti a dor, me mastigar por dentro, ir destruindo os meus meios. Eu sabia, não ia adiantar escrever. Ele não poderia receber as minhas cartas.
Olhei para o meu filho, repousado sobre o braço esquerdo, quietinho, sem nem ao menos imaginar tudo que estava se passando.
Fechei os olhos e senti a saudade me mastigar por dentro e a necessidade de fazê-lo feliz me reconstruir aos poucos. Era essa, a única coisa que me restava, cuidar da parte que havia ficado inteira e que ainda precisava de meus cuidados.
.
Foi repetindo isso todos os dias, como em um exercício obrigatório e extremamente necessário, que pude enfim, encontrar forças para seguir os dias sem a presença de um filho, meu pequeno Anjo sem nome.
E mesmo depois de muito tempo, quando a data vai chegando, ficando mais próxima. Eu volto para a mesinha do jardim, escrevo mais uma carta e olho os olhos de vidro, a cada ano, maiores e mais saudáveis.
‘Me perdoe meu pequeno Anjo porque eu não pude lhe segurar dentro de mim, eu não pude fazer com que você morasse aqui dentro por mais tempo... Pelo tempo necessário para que você se desenvolvesse plenamente. Perdoe-me porque eu não cuidei de meu corpo para poder te receber da maneira que você merecia. E mesmo você tendo partido, mesmo eu não sabendo seu nome ou os detalhes que compõe a sua face, sempre serás meu Anjo, o filho que tive, mas que não tenho mais. Que os céus te levem minhas palavras, nesta data onde te lembro com ainda mais força e desejo com ânsia, que possas me ouvir. ’
Comentários
Está muito bomm.
=*
Incrível como você escreve maravilhosamente bem.
Parabéns!
Ah, fico lisonjeada quando você lê meus textos e sempre dá uma dica de como posso melhorar.
Obrigada (:
Tati, respondendo as suas perguntas: a Flávia não tem blog, mas qdo ela escrever algo e permitir publicar eu o farei.
E não precisa agradecer pelo selo, vc merece, seu blog é show e tu escreves muito bem =)
Bjs e um ótimo começo de semana...
Boa sorte!
Ótima participação. (:
Beijos
:*
Escreveu muito, boa sorte.
Beijos, Alessandra.
Lindo e triste, me fazendo imaginar toda a situação!
Parabêns!!!!
Uma otima semana flor, mil beijos!
Não vou seguir adiante com análises gramaticais ou emocionais (não que seja necessário fazê-las), até porque nada disso importa diante do que vc compartilhou. Poucos tem o privilégio de conhecer uma pessoa por dentro antes mesmo de conhecê-la por fora, como eu tive agora. E por essa confiança agradeço.
Thanks a bunch.
eu me apaixonei pelos seus textos
boa sorte!
sem palavras, realmente.
bjos
Ótimo texto, parabéns pela participação, boa sorte!
Gostei, senti a brisa do jardim.
Boa sorte! :)
Beijinhos e um lindo dia!
Fiquei emocionada com as palavras e a maneira como vc descreveu cada sensação! =)
beijos
" se não fossem esses objetos tão claros e que nos permite o que seria de nós?
Que lindo texto menina.
Que doçura nas palavras... uma dança para os olhos e o coraçao ...
Adorei!
Obrigada voce, por estar sempre lendo o Essencia.
beejo carinhoso!
ameiiiiiiiiiiii flor, bom final de semana
Lindo texto de morrer!
Alias, desculpa a minha ausencia aqui viu? É que minha mae querida não pagou a conta e já viu er KKKKKKK
Beijinhos xx
Parabéns pelo prêmio e obrigado por nos emocionar.