Postagens

Mostrando postagens de março, 2012

Por detrás da Janela

Joaquim, debruçado no barco, na margem do cais, com seu coração farto em desesperanças, olhava toda aquela imensidão salgada e sentia medo. Temia ir e não voltar. Em contraponto, quando Joaquim escorria os olhos para o que havia atrás de si, ele temia mais aquilo do que o mar. De quando em vez, o mundo lhe parecia um caos – mas era apenas, os olhos dele.

ritmos e moinhos de vento

Encabulado, ele a olhou com os olhos rasos d'água e mirando o vazio da paisagem que se estendia em sua frente - o menino suspirou e disse; - Como você soube? - O quê? - Que estava assim - apaixonada A menina, que sentia aquela sensação sem nome por dentro - sorriu - Eu não via mais nenhuma flor em meio ao asfalto, e mesmo assim, eu ria

Das compreensões que chegam com o tempo

Imagem
Ela que sempre buscava o porquê das coisas, agora andava lenta – forçando a mente a compreender o que seria exatamente o escape. Já havia escutado uma dezena de pessoas, falar a respeito disso; escape – mas não conseguia compreender bem o que seria e nem tampouco fazia ideia de como isso – esse tal escape – alcançaria sua vida. Era setembro, dia primeiro exatamente. Ela havia chegado exausta do trabalho, os pés cansados, a cabeça já pendendo para o lado – precisava de um banho e do fim daquele mês. Já sentia antecipadamente todas as dores das datas que ia chegar. Entrou em casa desatenta, descalçou os sapatos e então quando ia para o chuveiro sua mãe chamou-lhe. - Filha, vem ver uma coisa aqui na cozinha. Suspirando, foi. - O que é mãe? – a menina lhe indagou. E a mãe por sua vez, lhe disse; - Olhe ali naquela caixinha! E ela olhou. Seus olhos se encheram d’água. A criaturinha não possuía nem 30 dias ainda;  - Como alguém pode abandonar uma

Das conversas mais sinceras

Pra onde quer que ela fosse seus olhos a acompanhavam. Observa-a enquanto caminhava vagarosamente pelas ruas – possuía um andar distraído e sempre mantinha os ombros e olhos baixos – tentando se esconder até de si mesma. Quando ela o olhava de frente, encarando seus olhos apaixonados, cuidava de desviar logo o olhar – não suportava que ele estivesse tão perto – tão cuidadoso ele era – embora ela, não merecesse, aos seus próprios olhos, seus afetos. Enquanto a olhava ele sorria se lembrando do dia em que a conheceu – seus olhos esvaíram toda tristeza que a havia tocado até ali, e então a alegria dele passou a ser a dela e a tristeza dela ele tirou. Agora isso, a menina com os olhos tristes e ele cuidando dela de longe, permitindo que ela sempre saiba que ele está com ela – mesmo que de quando em vez, sua presença e amor sejam insuportáveis. Ela ainda gosta de ouvir sua voz. Sentir seu toque. - Porque sempre eu não me conformo com você me amando tanto, não v

Transeunte

Sentia vontade de se afastar de tudo que a distanciava de si, de tudo que a definhava, tudo que a diminuía... Mas quanto mais se esforçava - percebia, ainda mais distante aquele a quem ela costumava chamar de Deus, daquilo que ela denominava como sendo sua história. "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum: e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço." Romanos 7: 18,19