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Ao som Ellen Oléria, Natural Luz

Pensava nas flores que poderiam brotar de todas aquelas sementes que estavam guardadas dentro das pessoas e algumas folhas voariam com os ventos dos sentimentos bonitos de alguém também.

Júlia pensava nisso de manhãzinha, enquanto no fogão a água era aquecida para passar o café, cujo cheiro tomaria conta dos seus sentidos, lhe dando o prazer de saborear as manhãs com aromas em tons escurecidos. 
 
Doutro lado do tempo, as pessoas continuaram a guardar suas sementes de boas coisas e ao invés de fazer as manhãs florescerem, transformaram o dia amanhecido de Júlia em um acúmulo imenso nos olhos de sal e sangue, as ervas daninhas haviam tomado conta de tudo, o que ficara, era apenas dor e essa dor transformou Júlia em silêncio absoluto.

Dentro ainda do tempo de esperanças mortas e esquecidas, inúmeras outras Júlia(s), continuam amanhecendo e tendo então de simplesmente Resistir.

No som das manhãs que desabrocham doloridas no tecido de suas memórias, as Júlias ainda resistem, nesse tempo eterno que se chama refazimento.


Comentários

Unknown disse…
Julia as vezes precisar ler sobre ela, para se lembrar de quem é. O maior medo é que Julia nunca mais desperte, e quando penso que ainda posso ser Julia, o coração se derrama de novo, a vida cresce.

Fiquei extremamente feliz com a Data da Postagem, não vou precisar ver fósseis da Julia, agora posso esperar Julia passar e dar um oi! ;)

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