Baixe os olhos não...
Todos os dias, ela despertava do sono de forma leve,
estranha e boa – Havia dias é claro, em que as manhãs não eram doces, contudo
nada do que era amargo, duravam todas as suas primeiras horas de raios de sol.
Vezenquando era
tomada por um toque que vinha de dentro dela e sentia a necessidade de colocar
pra fora deixando que escorresse de seus dedos, as palavrinhas que lhe faziam tão
bem.
Noutras vezes, acordava longe desse toque, não sentia as
linhas, nem tampouco lhe chegavam as letras, contudo, mesmo assim, o desejo de
escorrer-se em estrofes lhe impulsionava a querer que algo lhe aquecesse por
dentro trazendo toda aquela sensação mágica de pertencer as palavras de volta.
Nesses dias, sentava-se ao sol, quem sabe ele poderia lhe
aquecer os miolos, trazer as inspirações, desejava lá no fundo, ser uma árvore,
teria inspiração sempre – falaria de pássaros, dos ventos bons do outono e dos
Ninhos das aves, suas cores, formas, seu canto.
Na calçada do outro lado da rua, a árvore olhava e
sentia uma melancolia enorme. Lembrava-se das vezes em que viu a Menina com o lápis
e a folha, preenchendo entre sorrisos e suores coisas das quais ela jamais
poderia fazer parte.
Queria ser a menina, sentir toda a vida, poder vê-la e
transcrevê-la como ela fazia. Mas jamais poderia, teria a vida vivendo nela e
através dela, mas jamais no poder dos seus dedos.
A menina tinha as palavras, ainda que às vezes ela
demorasse a lhe aquecer, e isso era tudo.
Comentários
Beijo, Tati. :)