Assentou-se o Juízo e Abriram-se os Livros
'Recordo a vez em que mamãe Metera os dedos por entre os fios de meus cabelos, o afago era tão gostoso e meu coração vazio não se permitia apreciar, tudo se ofuscava entre a manhã enegrecida pelas lembranças do deitar da noite e ofuscada com o brilho raso dos raios de sol que invadiam os cômodos minúsculos. Possuía um medo descomunal de esquecer seus dedos na têmpora. O pai, embriagado me moía todo enquanto eu, defronte do corpo dela, impedia que o golpe a atingisse, meu bem, maior e único bem. Lembro-me das marcas, da dor do corte. Foi esse o meio termo entre o amor e a dor de minhas amargas lágrimas pequenas. Uma dor, que com o tempo tornou-se parte de meus ais repelidos.’
Era 12 de Novembro e na casa calmaria, não havia gritos e nem bebidas as paredes do meu peito afrouxaram-se, após anos de esmagamentos pelas ausentes visitas que fizera a mamãe.
Lutando incessantemente pra disfarçar a tristeza que a casa me transmitia ganhei os cômodos. O cigarro queimando denunciava a presença do pai. Natan, meu irmão caçula, num canto roxo e assustado apontava onde mamãe estava.
Arrastei-me até o fim do corredor com peito vazio abarrotando-se de pesar, o aroma do cigarro amargo incendiava-me de ódio ao mesmo instante uma ideia insana passou célere pelo pensamento e foi tomando formas. Girei a maçaneta... um TIRO! Ao passar pela porta vi mamãe estirada ao chão e os seus cabelos longos grudados ao rosto ensanguentado.
Antes que o ódio se manifestasse forte e feroz, as cortinas dançavam ao vento e me dei conta de que o cretino fugira pela janela, mas esquecera o instrumento esmagador.
Lancei-me janela a fora, ele estava atordoado e dominado pelo vicio, fitei-o fundo e retirei o instrumento da cintura afastando-me para mirá-lo.
Com o alvo na mira, o dedo dançava no gatilho e um grito quase mudo fez-me recuar, era Natan, implorando para que eu parasse.
Não pude deixar de pensar nele, um pequeno anjo de quatro anos a quem eu ajudaria a desgraçar ainda mais a vida se continuasse, nada mais faria sentido algum.
Deixei-o.
Tatiane Tosta e Maraísa Bovary
[linhas noturnas tecidas em um negra ânsia se sacudir as preces não ouvidas por seus anjos - Prazersassos]
Era 12 de Novembro e na casa calmaria, não havia gritos e nem bebidas as paredes do meu peito afrouxaram-se, após anos de esmagamentos pelas ausentes visitas que fizera a mamãe.
Lutando incessantemente pra disfarçar a tristeza que a casa me transmitia ganhei os cômodos. O cigarro queimando denunciava a presença do pai. Natan, meu irmão caçula, num canto roxo e assustado apontava onde mamãe estava.
Arrastei-me até o fim do corredor com peito vazio abarrotando-se de pesar, o aroma do cigarro amargo incendiava-me de ódio ao mesmo instante uma ideia insana passou célere pelo pensamento e foi tomando formas. Girei a maçaneta... um TIRO! Ao passar pela porta vi mamãe estirada ao chão e os seus cabelos longos grudados ao rosto ensanguentado.
Antes que o ódio se manifestasse forte e feroz, as cortinas dançavam ao vento e me dei conta de que o cretino fugira pela janela, mas esquecera o instrumento esmagador.
Lancei-me janela a fora, ele estava atordoado e dominado pelo vicio, fitei-o fundo e retirei o instrumento da cintura afastando-me para mirá-lo.
Com o alvo na mira, o dedo dançava no gatilho e um grito quase mudo fez-me recuar, era Natan, implorando para que eu parasse.
Não pude deixar de pensar nele, um pequeno anjo de quatro anos a quem eu ajudaria a desgraçar ainda mais a vida se continuasse, nada mais faria sentido algum.
Deixei-o.
Tatiane Tosta e Maraísa Bovary
[linhas noturnas tecidas em um negra ânsia se sacudir as preces não ouvidas por seus anjos - Prazersassos]
Comentários
Amei o 'conto' (não sei se assim foi chamado por vcs), mas linhas perfeitamente escritas, envolventes...pra ser sincera não consegui parar de ler até ver o último ponto!
'o último ponto, o desejo pelo final, hou que lindo Deize... obrigada[por mim e pela Mara]'
Beijos
Grande parceira.