Sonhos e pontes
Marina pensava no quanto de sal ainda precisaria comer com Ana, lembrava de ter lido ou ouvido da conversa de alguém que para se conhecer bem uma pessoa é necessário comer um quilo de sal com ela e desde então, toda vez que comia uma coxinha com Ana, Marina pensava em quantas gramas tinham nas pitadas de sal da receita, tentando desesperadamente encurtar o tempo, para poder enfim declarar; - Ana, eu lhe conheço, somos amigas inteiras! Ana, gostava dos olhos de Clarice, do jeito que ela movia os ombros para trás e balançava o sorriso depois de soltar a fumaça do cigarro que segurava cuidadosamente entre os dedos longos, Ana gostava dos detalhes que Clarice possuía, de seus trejeitos e dos sons engraçados do seu riso tímido. Dolores não gostava de ninguém, sentia os dedos doloridos sempre que pensava em afeto e como quase nunca pensava em nada, Dolores passava pela vida das pessoas com sua graça e frieza e ninguém quase nunca entendia nada das suas divagações e disparidades. Mas ela